cravas e cravos
Foram longe demais. O assalto ao poder seguiu uma estratégia de intriga primeiro, de mentira depois, forjando "provas" contra Sócrates, forçando a sua saída e o pedido de resgate, prometendo mundos e fundos para ganhar eleições. Eleitos, passaram ao assalto ao Estado, fizeram dele um negócio colossal, tentando destruir tudo o que servisse o povo, o seu bem-estar, a sua dignidade, a educação e a vida de cada um, de muitos, de quase todos. Não deixaram nada ao acaso, os salários baixaram, a precariedade laboral aumentou, os impostos subiram, as pensões desceram, os ricos ficaram mais ricos, os pobres mais pobres.
Ontem, 25 de Abril, travestiram-se de democratas, de cravo vermelho ao peito, aquele que "sobretudo dá jeito a certos filhos da mãe". Alinhadinhos, ataviadinhos, aprumadinhos, bateram palmas uns aos outros, sorridentes e impantes encheram a boca de palavras não sentidas, sem sentido quando ditas por eles, democracia para aqui, liberdade para ali, Abril sempre, ditadura nunca mais.
Foram longe demais e, diz o saber popular, quem tudo quer, tudo perde. Mais tarde ou mais cedo. Mais cedo do que tarde.
Não sei se, desta vez, os cravos chegarão para os cravas.
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