os últimos imperadores
Merkozy e a última estocada na Europa
Por Daniel Oliveira
Recusando mudar o papel do BCE e insistindo em manter viva esta aberração de ter uma moeda sem emitir títulos de divida, Angela Merkel prepara-se para a estocada final na Europa. A sua ideia de coesão económica é ser a Alemanha a decidir como serão os orçamentos dos Estados europeus. Temos uma moeda única com um banco central com muito menos poderes do que o seu congénere americano e queremos ter um governo único, sem união política, com muito mais poderes sobre os Estados do que tem Washington. É o que dá ter analfabetos políticos à frente de países poderosos.
Mas a estocada final é outra. Depois de todos os disparates e erros desse monstro nascido do acasalamento político entre Merkel e Sarkozy, a crise chegou, como se sabia que ia chegar, a Itália. Já se sabe que os portugueses são indisciplinados, os gregos mandriões, os italianos corruptos. O próximo será outra coisa qualquer. Por isso, franceses e alemães querem uma moeda só sua, em que eles decidem quem fica e quem sai. Debaterão o assunto entre si, como se a Europa fosse o seu campo de golfe.
Aquilo que estes pigmeus políticos se esquecem é que o crescimento da França e da Alemanha, a qualidade de vida dos seus cidadãos e até a paz em que têm vivido depende da integração económica europeia. E que em política, como na vida, não há ação sem reação. Os mercados europeus para onde exportam os seus produtos, que por ordem sua abriram fronteiras e desmantelaram a sua indústria, abandonados à sua sorte, vão ter de se defender e optar por medidas protecionistas para tentar reerguer as suas economias. Vai regressar tudo ao princípio.
Quanto tempo durará o eixo franco-alemão? Até a crise lhes chegar a casa? Sem o enorme mercado único europeu (sim, esta escolha será um ponto final na União Europeia), como julgam que vão competir com a Ásia e a América Latina? Quando a União Europeia acabar, os povos destas duas potências descobrirão que o dinheiro que julgam gastar com os outros os estava, na realidade, a defender a eles. Pode até ser pedagógico.
Fonte: http://arrastao.org/
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