história de um homem como nós
Por Baptista-Bastos http://www.jornaldenegocios.pt/ Álvaro Monte era uma montanha de homem, de alegria esfuziante, de ironia cáustica e de uma solidariedade exacta nascida de uma infância paupérrima. Conheci-o nos anos da brasa, apresentado por Manuel da Fonseca, seu conterrâneo, na cervejaria Solmar. O dia estava embatente de sol e de calor, o que não impedia o Álvaro de ir para uma manifestação, do Rossio a Belém. Ele tinha pouco mais de 20 anos, possuía a moral proletária do trabalho, era um metalomecânico aplicado e gostava, por igual, de Jesus e de Lenine. O Manuel da Fonseca apreciava muito conversá-lo, entre umas e outras de canecas de cerveja, e nunca ouvi, como da boca deste alentejano sorridente, histórias de alentejanos como ele as contava. Pertencia a um coro de cante, organizado em Algés por alentejanos desenraizados, era grande leitor, sobretudo de escritores neo-realistas, afável e prestável, mas quando se zangava a ira transformava-o, e a imponência da e...