Quase ouvia já o som de botas cardadas em passo marcial. A extrema-direita avança. E os neoliberais que dominam muitos dos governos europeus, para mim pouco menos do que fascistas mas com mais verniz e cinismo, ajudam a montar o festim onde nós somos a carne a devorar. Quase via já, no horizonte, os campos cercados a arame farpado. A imprensa é manipulada, amordaçada ou, pura e simplesmente, mentirosa. Os cidadãos têm voz, mas de pouco lhes vale a liberdade se lhes falta tudo o mais, pão, educação, saúde, trabalho. O medo de perder o emprego impede-os de se manifestarem, de fazerem greve, de exercerem o seu direito de protesto. Quando vão a votos, vão condicionados pelo populismo, falsas promessas, ameaças veladas, desinformação, embuste, um obscurantismo que persiste trinta e tantos anos depois de Abril. As eleições, a francesa e mais ainda a grega, vieram abalar a muralha ferozmente defendida pela dona Angela, chanceler alemã, e os seus chefes, os que de facto mexem os c