por favor, deixem-se de merdas!


O vernáculo, às vezes, dá jeito. Acalma-nos os maus fígados, desacelera-nos a tensão arterial, alivia-nos os nervos e a acidez gástrica. O PS pediu para ser anexada uma adenda ao tratado orçamental com medidas destinadas a incrementar o crescimento. Porque torna e porque deixa, por mais isto e mais aquilo, o PSD não aceitou. Agora, escassíssimas semanas depois, é ele próprio, o PSD, que vai apresentar em Bruxelas um pedido semelhante. Ou seja, em vez de pensarem e agirem de acordo com as suas convicções, por mais erradas que possam estar, as gentes do PSD andam a reboque dos acontecimentos, neste caso a eleição de Hollande. Que confiança nos pode merecer um governo assim, o mesmo que nos andou meses a fio a dizer que não havia outra solução a não ser austeridade sobre austeridade, custasse o que custasse? Enfim, mais vale tarde do que nunca. E mais vale tarde do que nunca ver Mário Soares, que tanto elogiou Passos Coelho, o menino bem comportado, tão bem intencionado coitadinho, a pedir agora que o PS rompa com o memorando de entendimento. Outro efeito Hollande, claro está, mas ainda bem que assim é. É pouco, ainda não chega, mas é o que temos.

E todos eles, sem excepção, vêm finalmente dar razão às gentes à esquerda do PS que há muito proclamam alto e bom som, sempre acusados de aventureirismo e outros pecados maiores, que o acordo com a troika é ruinoso e que as medidas de austeridade só conduzem a mais austeridade e à catástrofe económica.

Deixem-se de merdas, ó senhores políticos de aviário. Este memorando tem que ser rasgado. Façam outro. Finjam que são todos amiguinhos, entrem em acordo, sejam patriotas, sejam sérios e, sobretudo, sejam humanos. Há gente a sofrer por vossa causa.

Quanto mais não seja, façam-no por calculismo. Lembrem-se que os vossos compadres gregos foram castigados.

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