bem-vindos ao estado policial

Por Nuno Ramos de Almeida

A última vez que as fontes dos serviços de informação e observatórios de segurança e quejandos fizeram previsões sobre Lisboa a ferro e fogo foi antes da cimeira da Nato marcada para Novembro de 2010. Na altura, as vozes avisadas da inteligência lusa previam a vinda de milhares de elementos do black bloc a Portugal pondo em causa a segurança nacional e quem sabe a própria existência da pátria. Feita a cimeira, o principal resultado de tão avisado esforço foi a prisão de dois ciganos junto à fronteira. Parece que um deles tinha uma navalha e que tiveram a pouca sorte de estar vestidos de preto. Toda a nação pôde respirar de alívio devido ao labor de tão heróicos defensores.

O recente relatório do SIS, divulgado pelo “Diário de Notícias, que previa uma escalada de violência na greve geral, com confrontos com piquetes, cocktails molotov e ataques a instituições e bancos vem levantar duas questões curiosas.

A primeira é por que raio de razão o contribuinte nacional paga para a existência de serviços de informações tão imaginativos que fazem de cada relatório uma espécie de filme de ficção de série B de Hollywood, para passados uns dias se verificar sempre que a montanhas pariu um rato. E a segunda questão, talvez a mais importante, é se paulatinamente todos acabaremos por considerar aceitáveis práticas típicas de um Estado policial. Com pezinhos de lã, governos e polícias de turno estão a impor a ideia de que é normal a infiltração em organizações políticas, a vigilância de militantes de esquerda, o recurso a provocadores em manifestações e a agressão a jornalistas para garantir o afastamento de testemunhas incómodas nas próximas cargas policiais.

Um dia destes acordamos sem democracia e nem demos por isso.

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