la famiglia di don coellone
O gang está bem organizado, o assalto ao poder foi delineado durante longo tempo, o plano concebido até ao mais ínfimo pormenor. A venda de jóias da coroa está a prosseguir a bom ritmo, a TAP está quase, à ANA o destino está traçado. A seguir, porque não os Jerónimos, a Torre de Belém, a dos Clérigos, a Cabra de Coimbra, as ilhas dos Açores e da Madeira? E as praias do Algarve, vendidas aos alemães, interditadas a autóctones? Ou, citando o Ary de um tempo em que Portugal ainda era dos portugueses, porque não vender "vales, socalcos, searas, serras, atalhos, veredas, lezírias e praias claras"?
Don Coellone não está sozinho. Conta com a ajuda dos membros da seita, Don Erba para controlar a informação, impor a lei da ormetà, controlar a espionagem, estabelecer relações privilegiadas com as máfias de Angola. Don Porte, de porte institucional, com a pose de Estado de um vaidoso profissional, é o agente secreto para os negócios estrangeiros. Don Cratto reduz os serviços de educação até aos mínimos aceitáveis para que o povo se mantenha ignorante, manso e pouco qualificado. Don Paolo Ritorto vende a saúde, que um povo fragilizado é um povo melhor domável. Dona Paola Croce impõe a justiça à moda de la famiglia. Don Borgia vende Portogallo, é esse o nosso nome agora, vende Portogallo a retalho e a preços da uva-mijona. Tudo está bem encaminhado. Portogallo já não é um país, não é cosa nostra, é um casino onde, a toda a hora e instante, de noite e de dia, se joga à roleta russa com as nossas vidas, os nossos bens, o nosso futuro. A lei do terror está instalada. A lei da fome, do roubo, da penúria, tortura, martiriza, já mata.
Don Coellone não está sozinho. As máfias internacionais e, acima de tudo, a organização comandada pelo Senhor Barrozzi, Don Duroni para os amigos, estão a incentivá-lo, a emprestar-lhe dinheiro para prosseguir os seus intentos. E, acima de todos eles, está a máfia das máfias, dos capos entre os capos, dos padrinhos dos padrinhos, a poderosa e secretíssima Goldman Sachs, para quem as vidas humanas só são úteis como multiplicador de notas, de ouro, de inimagináveis lucros de origem criminosa. Ao lado deles, Al Capone, Don Corleone, "Lucky" Luciano, Carlo Gambino foram meninos de coro dignos de canonização.
Resta-me a consolação de saber que, a acreditar nas fitas que passam no cinema, as estórias de gangsters nunca acabam bem.
Imagem: http://wehavekaosinthegarden.blogspot.pt
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