são rosas, senhor, são rosas
A cada cavadela, sai minhoca. A rainha santa Isabel Jonet, de cada vez que abre a boca, revela a sua verdadeira face: a de uma dama da caridade que olha a pobreza e os pobres com sobranceria (e olhem que sei do que falo, conheci muita gente assim na infância e adolescência).
Ontem, quando lhe perguntaram o que pensava das crianças que chegam à escola com fome, respondeu: " É inexplicável. Deve-se, em parte, à não responsabilização e falta de tempo dos pais. Sem o pequeno almoço, os alunos não podem ter rendimento escolar (...)".
Esses casos existem, seguramente, mas são uma minoria. Muitos mais haverá, e desses a rainha santa não falou e seria importante que o fizesse, que mandam os seus filhos para a escola sem comer porque, arrastados para o desemprego, privados de qualquer apoio social ou asfixiados pelo garrote fiscal, pura e simplesmente não têm dinheiro.
Mas falta de dinheiro é coisa que, do seu altar, a rainha santa Isabel não consegue entender, tal como não entende a realidade portuguesa e a pulhice governamental, que ela encarará com benevolência uma vez que já demonstrou concordar com a opinião reinante, a de que andámos, todos, a viver acima das nossas possibilidades, há anos a alimentar-nos de bifes todos os dias e, vai-se a ver, de caviar.
Isabel Jonet foi alcandorada a santa da nação. Melhor seria não termos necessidade de caridade, mas de solidariedade, a única forma de erradicar a pobreza e a fome fazendo do mundo um lugar decente. Fome sem a qual o Banco Alimentar não teria razão de ser.
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