todos ao molhe e fé em deus
Devo ser o português mais estúpido a habitar este martirizado torrão lusitano. Não sei a quantas ando. Não sei se atino ou desatino. Não sei se temos governo ou desgoverno. Não sei se Portas é ministro dos Negócios Estrangeiros, se é vice primeiro-ministro ou ex-ministro revogavelmente irrevogável. Não sei se Álvaro Pereira já fez, já desfez ou já voltou a fazer as malas para partir para o Canadá, se Pires de Lima é ministro ou se manteve o cargo de rei das bejecas. Não sei o que Cavaco disse ou deixou de dizer. Não sei que raio de acordo quer ele entre o PS, o PSD e o CDS. Não sei se é para a formação de um novo governo com os três partidos (bom proveito lhes faça) ou se é apenas para que o PS assine de cruz todas as patifarias do governo actual. Mas, e qual é o governo actual? Estou com a cabeça a andar à roda, dói-me a moleirinha, tenho os neurónios entupidos, estupidificados, paralisados de tanto pensar e penar, os nervos à flor da pele, o coração a dar as últimas, não há palpite que lhe amaine as palpitações. Não sei, e isso é que é o pior, quem manda em Portugal. Cavaco não é. Passos muito menos. Portas revoga quando lhe dá na real gana e dá-lhe na real gana sempre. Seguro é inseguro, é um zero para a esquerda e um trunfo para a direita. Será Durão o mandão? Será Merkel? Os sacrossantos mercados? Lagarde? Draghi? Serão todos ao molhe, com muita fé em deus e na proverbial paciência de corno dos portugueses enganados? Expliquem-me. Devagarinho. Tenho a cachimónia à razão de juros. Altíssimos. Os agiotas rondam-nos. Os abutres também. Querem-nos a carniça, querem-nos roer os ossos.
Comentários