vampirismo fiscal


Por Fernando Dacosta
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Cresce o número de pessoas que dizem ter hoje quase tanto medo do fisco como ontem da PIDE. Os que tal afirmam sabem por experiência própria o que significa ter-se sido vítima de uma e ser-se agora de outro.

Se a António Maria Cardoso - rua da sede da extinta polícia - se desmemoriou, foi desmemoriada, os departamentos fiscais, esses, consolidam, blindados por tecnologias de pés de barro, implacabilidades e arrogâncias sem medida contra milhões de contribuintes. Os recentes protestos destes (impedidos, por exemplo, de enviar as suas declarações de impostos por deficiências electrónicas) não encontraram qualquer consideração junto dos responsáveis que se atreveram mesmo a negar os constrangimentos informáticos injustamente sofridos pelo público.

Isto da parte de um Estado que confisca todo o dinheiro que ganhamos de Janeiro a Junho! Andámos, com efeito, este ano a trabalhar metade dele para o fisco, sem sabermos se tal indignidade será agravada no futuro.

Aos aumentos dos impostos gerais há, entretanto e paralelamente, que somar a redução de vencimentos, a retirada de direitos adquiridos (como na saúde, na assistência, na educação, na cultura, no desemprego), o encerramento de serviços públicos e o acréscimo do preço de quase todos os produtos.

As monstruosidades cometidas pelo fisco (penhoras de habitações, de pensões, de veículos, de ordenados, de contas bancárias, de terrenos, de garagens, de partes de firmas, de recheios de empresas, etc.) destruíram já quase tantos portugueses como as cometidas pelo fascismo. Só no ano passado foram emitidos dois milhões de ordens de penhora (53 273 de imóveis), mas nenhuma contra as dívidas do Estado.

Guardaremos disso memória.

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