cavaco desmente coelho
O presidente Silva lá veio ontem a terreiro defender o seu menino-guerreiro, o segundo por acaso primeiro, este sim moeda da boa, um tesouro pátrio a preservar quanto mais não seja no Panteão Nacional. E aproveitou para condenar, com a facilidade de expressão que o caracteriza, o governo grego que anda a levantar a grimpa à nossa custa, a solidariedade tem que vir a par com a responsabilidade e uns fedúncios que querem tirar o seu povo da miséria, que querem libertar a Grécia da ocupação germanizada, não são mais do que tresloucados irresponsáveis a pedir golpe de Estado e coronéis a tomarem-lhes o poder.
Até aqui nada de surpreendente, o presidente Silva mais não fez do que cumprir a sua função de porta-voz governamental, coisa a que estamos habituados desde há muito. Mas o presidente Silva cometeu um deslize, e nada pequeno: desmentiu Coelho ao dizer que, em Portugal, têm sido as classes desfavorecidas as mais prejudicadas com a crise.
Aos meus eventuais leitores de memória curta e raciocínio enviesado, que os há a ler-me vá-se lá saber porquê e para quê, lembro-lhes a paixão, o vigor, a convicção com que Coelho disse há uns tempos que a austeridade não lixou os mexilhões tanto como tramou os pobres ricos das contas suíças e economias, conquistadas à força de tão duras penas, languidamente a banhos pelas Caimão ou pelas Bahamas.
Então? Em que ficamos? Fomos ou não lixados, tratados como lixo?
O mexilhão quer saber. Já agora.
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