ai que rico cheirinho a fascismo!
Leal da Costa, aquele senhor com ar de vendedor bem sucedido mas a quem eu não compraria nem um saco de alcagoitas ou um unguento para os calos, veio congratular-se com a reportagem da TVI sobre as urgências nos hospitais públicos, a qual, segundo ele, comprovou a excelência dos serviços sob a sua alçada e do ministro Macedo. A reportagem, essa, pelo contrário, exibiu dezenas de doentes em macas amontoadas no corredor. Para alguns o corredor da morte, para outros um calvário de horas entre dores, gemidos, gritos, jejum.
Mas Leal foi mais longe, afirmando que os médicos que apareceram nessa mesma reportagem a denunciar falhas graves nos hospitais são "reputados comunistas ou da oposição". Um argumento muito utilizado, se bem se lembram, nos tempos de Salazar para catalogar o reviralho, tudo comunista, tudo gente vendida à União Soviética, tudo a pedir uns safanões ministrados a tempo e a preceito lá para as bandas da António Maria Cardoso. Só faltou dizer, mas se calhar vontade não lhe faltou, que é preciso ter cuidado com esses médicos, se especializados em pediatria podem saciar-se com crianças ao pequeno almoço, se em geriatria podem dar injecções aos velhotes para lhes gamar a existência.
Também hoje outro secretário de Estado, desta feita dos Transportes e Silva Monteiro de seu nome, nos veio dizer que as greves são um direito inalienável, um dito tão ao jeito de uma Manuela Moura Guedes, para logo a seguir acrescentar que estas paralisações estão a destruir o serviço público de transportes (ao contrário do governo que se prepara para o privatizar dando-lhe assim a estocada final, provavelmente fatal).
Ou seja, falem de greves ou da oposição, toda ela comunista ou pró comunista, estes senhores fazem-me lembrar cada vez mais tempos que já lá vão mas que, pelos vistos, querem voltar. O cheiro a naftalina das fatiotas destes seres ressuscitados das trevas anda a atazanar-me as narinas, a provocar-me cefaleias, alergias, psoríase, micoses várias .
"Ah, que rico cheirinho a fascismo!", diria a D. Patrocínio, persignando-se e orando para que Deus conceda muitos anos de vida e saúde aos Leais, aos Monteiros, aos Coelhos, à matilha enfim.
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