sem cravo falou aos cravas
Sua excelência verrinou sem cravo mas com os cravas a aplaudi-lo de pé. Sua excelência, coitadinho, veio queixar-se da agressividade verbal e da falta de consensos. Sua excelência não sabe, nunca soube nem quer saber o que é a democracia, sinónimo de debate de ideias, defesa de princípios, discussão acesa e também, claro, diálogo. Sua excelência, sensível e bom como é, não gosta de conflitos, de insultos. Deveria estar a referir-se aos de que ele tem sido alvo, tantos com razão de ser. Mas sua excelência veio, ele próprio, a propósito da corrupção, insultar Sócrates ao dizer, parafraseando a ministra Cruz, que ninguém está acima da lei. Pois não, não deveriam. Nem ele, nem Oliveira e Costa, nem Duarte Lima, nem Dias Loureiro, nem Miguel Macedo, nem Passos Coelho, nem Miguel Relvas, nem Paulo Portas e tantos outros que odeiam cravos mas adoram cravas.
Ai, desculpem, agora sou eu que descambei para o insulto, fugiu-me a boca para a verdade. Não devia. Hoje é 25 de Abril, dia de festa. Eu festejo o Abril dos cravos. Outros, os cravas, festejam o Abril de hoje que tantas portas lhes abriu, tantos coelhos pariu.
Façamos o que sua excelência recomenda. Um país de tolos. Pacificado. Ordeiro. Obediente. Sem arruaças, crispações, vitupérios, Sem cravos, mas povoado por escravos e cravas. Todos amiguinhos, aos beijinhos, abracinhos, sorrisinhos e facadas nas costas, roubos de vidas, de pão.
Não façamos greves mas antes convívios entre ricos e pobres, espoliados e exploradores. Não apupemos mas cantemos antes hinos de amor. Façamos de Portugal um gigantesco templo de paz entre os homens e de oração entre as almas desavindas.
Corações ao alto, meus irmãos. Amemo-nos uns aos outros mesmo quando os cravas nos roubam nos salários, nas pensões, nos impostos, em tudo onde possam botar as manápulas imundas de sangue e dinheiro sujo. Ou isso ou terão que sofrer, os escravos e não os cravas. Cavaco assim o disse: o Estado tem que endurecer para impedir o terrorismo, o de fora mas o de dentro também, dissidências, violências, motins, frenesins de gente destrambelhada.
Por amor ao próximo, prepare-se a polícia de choque!
Comentários
Bravo pelas suas palavras, mostrou a realidade deste Pais
Jorge Tavares.
o sr. que o critica disse ou é anormal ou é mesmo uma besta quadrada