ainda o caso desnobre
Texto retirado do blogue Página Lusófona:
FUGA DEMONSTRA COBARDIA POLÍTICA
Este Nobre é desnobre e foge logo às primeiras. Tal qual os PIDES que em 25 de Abril de 1974 pareciam ratos a fugirem do passado de sevícias que infligiram a milhões de portugueses no continente e nas então colónias. Negando sempre que podiam não ter pertencido à malfadada polícia fascista. Ou alegando que eram polícias de fronteira, escriturários… Cobardes, isso sim.
Este desnobre fugiu do Facebook como quem não quer a coisa, depois de ter demonstrado que afinal é mais um oportunista político que perante o aliciamento do sistema, agora representado por Passos Coelho, do PSD, adere a ele para tirar vantagens pessoais e manda às urtigas centenas de milhares de apoiantes que teve efetivamente nas últimas eleições presidenciais, em que se dizia contra o vergonhoso sistema político existente em Portugal, em que se dizia apartidário, em que se dizia prosseguir do mesmo modo e não perspetivar enveredar pelo caminho que enveredou, dececionando essas mesmas centenas de milhares e mais os que viriam e representavam um capital político assente no acreditar, em quem afinal não merecia.
Sobre esta reviravolta de Fernando Nobre, comentava Boaventura Sousa Santos, na TSF, que ele havia trocado um capital de confiança enorme assente na independência, na cidadania, por um prato de lentilhas que lhe foi oferecido pelo PSD. Nobre traiu ideais anunciados e jurados a pés-juntos mas teve uma forte razão para isso e veremos mais tarde como assim será.
O PSD e Passos Coelho, os barões banqueiros e grandes empresários, o sindicato de gradas figuras políticas conservadoras e até de saudosismos salazarentos adaptados à atualidade, não nomearam Fernando Nobre por acaso. E Fernando Nobre também não aceitou por acaso. Ao PSD convém ter Nobre e o seu capital eleitoral para agora e para daqui por cinco anos elegê-lo presidente da república, uma vez que Cavaco cumpre dois mandatos e já não pode concorrer. A Nobre isso interessa. Agora catapulta-se para presidente da Assembleia da República, acumulando benesses e mordomias. Depois ainda maior será o voo ao vislumbrar sentar-se por cinco ou dez anos na cadeira de Belém. Coisa nunca por ele sonhada de modo tão elaborado e provavelmente fácil. É aquilo que pode acontecer em pura e dura boa verdade. E quem age assim politicamente, traindo centenas de milhares, não pode ser boa rês. Provavelmente não há na história recente de Portugal maior golpe de rins que este. Aquilo que para Eça seria denominado o “esterco da política nacional”.
Contudo este aparente golpe de teatro pode não ter sido golpe de rins nenhum. Sabemos que Nobre sempre esteve próximo do PSD e da direita refinada. Quem nos garante que ao candidatar-se nas eleições presidenciais não obedecia a objetivos inconfessáveis e que estava tudo já alinhavado? A candidatura de Fernando Nobre nas presidenciais veio retirar a Manuel Alegre imensos votos e esse era um objetivo do agrado do PSD e do CDS, que apoiavam Cavaco Silva. Fernando Nobre, com a sua candidatura e campanha de ilusionista, serviu para contribuir para eleição de Cavaco por uns míseros cidadãos eleitores que legalmente o recolocaram na cadeira da presidência em Belém, independentemente da imoralidade que significa em padrões de ética democrática.
A ingenuidade dos eleitores e apoiantes de Nobre nas últimas eleições presidenciais deu lugar à revolta, às náuseas e vómitos. Isso mesmo tem sido expresso na página do Facebook por milhares dos então apoiantes. Foi disso que Nobre fugiu demonstrando a sua cobardia política e sem ao menos ter apresentado desculpas aos que manipulou. Uma prova, se atentarmos, de que ele sabia muito bem aquilo que podia acontecer caso as eleições antecipadas ocorressem ou noutro cenário que se desenrolasse. Plausivel.
Como se diz há muito em Portugal: A política é uma porca. Acrescente-se que só assim é devido aos porcos que lhe mamam nas tetas, porque existem e estão sempre a aparecer mais.
Sobre a indignação, já acima demonstrada, e a ausência de vergonha fica também em baixo à vossa consideração a prosa do Público:
Indignação continua no Facebook e no Twitter
Página oficial de Fernando Nobre desaparece do Facebook após críticas de seguidores
Hugo Torres - Público
A candidatura de Fernando Nobre às legislativas de 5 de Junho, pelas listas do PSD, motivaram muitas críticas ao presidente da AMI no Facebook. A página criada para a corrida a Belém estava a ser inundada, desde ontem, com mensagens de seguidores desiludidos. Até hoje à tarde, quando desapareceu.
A comunidade que Fernando Nobre conseguiu reunir no Facebook, com mais de 39 mil seguidores, estava mesmo a aumentar esta manhã. Mas não para aplaudir a decisão: os utilizadores daquela rede social estavam a juntar-se à comunidade para poderem comentar no mural da página e veicular o seu desagrado.
Entre os comentários, encontravam-se vários que davam conta deste procedimento, antes de comunicar a “desilusão” que é para eles verem Nobre como cabeça-de-lista dos social-democratas por Lisboa. Apágina desapareceu entretanto do ar, tornando inacessível o historial de testemunhos desgostosos, mas também de alguns de apoio.
Certo é que mesmo sem essa página, os internautas arranjaram alternativas para publicitar o seu desagrado – desde a página pessoal de Fernando Nobre no Facebook às comunidades que vão nascendo nesta rede social (o exemplo mais popular é este, com mais de quatro mil seguidores).
O Twitter também está a servir de plataforma para fazer chegar críticas a Fernando Nobre, que nas últimas presidenciais conseguiu 14 por cento dos votos e está actualmente no Sri Lanka. Os internautas estão a direccionar os seus comentários para a conta @RecomecarPT, que remete para o lema de Nobre nas presidenciais.
Publicada por António Veríssimo
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