a medicina para o bolso
Por Nuno Ramos de Almeida
Um conhecido físico produziu a seguinte frase sobre o seu domínio de estudo: “Quem disse que compreendeu a física quântica é porque nunca a viu.” O mesmo problema deve acontecer com os eminentes economistas que dirigiram este país, o afundaram com as receitas do costume e agora o pretendem salvar com os remédios habituais.
Há dias tive o privilégio de ouvir na rádio o professor Augusto Mateus, ministro da Economia de António Guterres, a falar sobre a reforma do Sistema Nacional de Saúde. O especialista que justificou a construção do Aeroporto de Beja, em estudo pago no tempo do governo Sócrates, para ser utilizado como plataforma para distribuição de géneros frescos, vem propor uma medida salvífica para a saúde. Os médicos devem ser responsabilizados pelos meios de diagnóstico que pedem e, eventualmente, ganhar à percentagem das poupanças que induzem. Em vez de começarem “a inventar” e pedir TACs para doentes que parecem ter cancro, passam a fazer contas ao preço das coisas e só marcam esses exames caros se tiverem uma certeza absoluta. Uma decisão que se espera temperada com o prémio que vão perder. Os doentes mortos seriam uma espécie de vítimas colaterais nesta guerra virtuosa para cortar nas despesas do SNS. Para os génios que nos trouxeram até aqui, os valores da preservação da vida humana, o acesso igualitário aos cuidados de saúde e até o preço social a pagar pelas vítimas dessa medida são um pequeno preço para ter uma saúde como a economia neoliberal manda.
Fonte: http://5dias.net
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