"o meu sonho era passar o natal num quartinho com casa de banho"
Este casal de desempregados, o Luís e a Alexandra, deixaram o filho entregue a familiares e vivem, há seis meses, debaixo de uma ponte em Braga. Podiam ser outros. O Artur e a Teresa. A Conceição e o Elias. O João e a Odete. Tantos. Entretanto, os governantes desde desgraçado país, impassíveis, sensíveis apenas aos cifrões e à troika, assanham-se contra os contribuintes, os poucos que ainda trabalham, e preparam-se para reduzir as prestações sociais até à insanidade, à infâmia. O que conta, para esta gente, não é a gente que sofre, como o Luís e a Alexandra, o Artur e a Teresa, a Conceição e o Elias, o João e a Odete. Quem conta são os Ulrich, os Mello, os Espírito Santo, os Ricciardi, os mesmos de há 50 anos, os donos de Portugal, os que somam e seguem com o rei na barriga e a república nas mãos. Nós, os cidadãos comuns, estamos reduzidos à condição de pagadores de impostos ou então de rebotalho, de nomes a abater nos livros do deve e haver de um Estado pária e brutal, desgraçadamente dominado por um governo de abjecções indignas da sua condição de seres humanos. Este está a ser um Inverno prolongado e triste. Para quando a Primavera?
Foto: Paulo Jorge Magalhães/Global Imagens
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