o chulé da princesa
A gente nunca sabe até que ponto a imprensa (já tomada por Angola?) aposta na notícia que não é notícia, na superficialidade. Até aqui, era o divórcio de fulana, o Ferrari de beltrano, a festarola deste, o corpete daquela. Mas o ser humano é criativo, há que ir mais longe, explorar diferentes horizontes, dar à ralé o que a ralé pede mas em doses mais abundantes ainda, mais sofisticadas. E é assim que o DN, ou os artistas da palavra que por lá laboram, se lembraram dos delicados pés da princesa das Astúrias, Letízia de seu nome, rainha de sua sina, mais ano, menos ano. Esclarece o DN, iluminando-nos a vida, o espírito, a inteligência e sei lá que mais, que a princesa, até agora, costumava aparecer em público com as unhas dos pés pintadas em verniz de tons claros ou mesmo transparente. Contudo, toquem as fanfarras, rufem os tambores, surgiu agora com as unhas, as dos delicados pés, pintadas de vermelho. Ganhei o dia, fiquei mais esclarecido, infinitamente mais culto. Quanto mais não vale saber isto do que o que se passa no Egipto, no Sudão, na China, na Índia, no Iraque, com os seus milhões de pés descalços? Quanto mais não vale o chulé de uma princesa?
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