é do costa que o povo gosta
Sem levar um tusto à tesouraria do Rato, deixo aqui o slogan para a próxima campanha eleitoral. Costa ganhou as primárias, secundário assunto a merecer horas de televisão, honras de prime time, comentadores aos magotes, militantes aos pinotes, opositores aos dichotes, excitantes directos, entusiasmantes discursos, abraços à esquerda e à direita, aplausos, urros de vitória numa bambochata de glória para Costa e para quem dele gosta.
Até eu fiquei contente. Livrar-me da cara de Seguro, da voz de Seguro, do ridículo de Seguro é um seguro para a minha sanidade e uma pontinha, só um pozinho de esperança. Mas, depois, rodeando Costa, cumprimentando Costa, apoiando Costa com os olhos postos no futuro e nas rubicundas alcavalas dos amanhãs que cantam, lá estão as sombras, as nuvens, o lusco-fusco, uns Lacões, uns Perestrelos, umas Estrelas, uns Sócrates, e lá se vai toda a esperança, ainda que ténue, tão modesta, tão remediada como o Passos da Tecnoforma. Bato-me, belisco-me, insulto-me e digo de mim para comigo: não sejas ingénuo, és uma besta pá!
Seja como for, mal Coelho caia, mal Coelho saia da toca onde nunca devia ter entrado e, por magia negra e benfazeja, entre na cartola de onde nunca devia ter saído, irei feito atoleimado buzinar para o Marquês, a rotunda de onde sai a Liberdade e que conduziu à República.
Não me levem a mal os ímpetos, a efémera alegria, o arroubo passageiro.
Não estarei lá para comemorar Costa, de quem o povo tanto gosta.
Estarei lá para celebrar o fim de um pesadelo, o estertor da longa noite quasi-fascista, o estrebuchar do Coelho, o peido-mestre da laranja amarga.
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