a herança de cavaco
Do blogue Quintus
Le Monde (http://t0.gstatic.com)
“O diário (Le Monde) aponta o Ave “dos vales verdes e de crises profundas” como o epicentro do desemprego e das falências, vítima das deslocalizacoes e da “destruição subsidiada” da indústria portuguesa. E não prevê por ali qualquer mudança a curto prazo. Refém da “apatia generalizada” de uma população “profundamente católica” mais sensível ao “paternalismo patronal” que ao sindicalismo, “a revolta jamais estará na ordem do dia” no Vale do Ave.“
Fonte:
Sol 28 de janeiro de 2011
É curioso que um jornal de um dos países que mais contribuiu para a destruição da indústria portuguesa, o “Le Monde” seja tão claro ao ponto de escrever precisamente “destruição subsidiada da indústria portuguesa”. Porque foi isso que aconteceu. A Europa (liderada pela França e pela Alemanha) pagaram para que Portugal parasse de produzir bens manufacturados e agrícolas, abrisse as suas fronteiras aos produtos do norte e às indústrias chinesas (em troca da sua abertura às importações dos produtos de alta tecnologia fabricados no norte da Europa). Portugal – como outros – foi imolado no altar da globalização. Os seus políticos foram comprados com cargos europeus e com “elogios podres” e aceitaram a tercialização da sua economia. Os empregos durante vinte anos foram-se deslocalizando e o interior do país desertificando-se. Ficámos cheios de auto-estradas, pontes e dívidas. Mas sem empregos, indústria ou agricultura. A Europa ficou contente. E nós? Quando vamos despertar desta modorra carneiral e dar a volta por cima e sobre esta Europa que nos empobreceu (dando a ilusão de riqueza) e que nos asfixia na vã (?) esperança de nos tornar num enorme “resort”.
Comentários