estatísticas, mentiras e desemprego



Tal como eu esperava, a comunicação social embandeirou hoje em arco: o desemprego não subiu de Maio para Junho, um milagre sabendo-se que se estão a encerrar milhares de empresas. Mérito do governo? Não. Mérito de truques estatísticos. Perguntem aos desempregados quantos deles, aos magotes, têm sido chamados para ir tirar cursos obrigatórios de "reabilitação" profissional. Acontece que todos esses nomes são eliminados das listas de desempregados até que os seus cursos terminem (não sendo, pelos vistos, temporária e tecnicamente considerados desempregados, continuam contudo, e era o que faltava que assim não fosse, a receber o subsídio a que têm direito e para o qual, tantos deles, contribuiram com dezenas de anos de comparticipações para a Segurança Social, o que não impede que sejam tratados, nos Centros de Emprego, como párias da sociedade). Assim vamos nós (e isto já vem de longe, dos tempos de Sócrates, mas, ao que parece, não é o único a gostar de manipular estatísticas e de ludubriar os incautos). É preciso que se saiba e que se diga: o desemprego não estacionou, está a aumentar assustadoramente. E é preciso acrescentar que, mesmo manipulados, os números oficiais não correspondem à realidade por outro motivo: existem milhares de pessoas que, estando desempregadas, já não recebem subsídio e, como tal, não são contabilizados como estando sem trabalho. Sejamos honestos. Ao menos uma vez na vida.

Se quer conhecer os números reais, consulte-os aqui:
http://www.movimentosememprego.info/

O desemprego não é de 15%, como foi hoje anunciado com toda a pompa e circunstância de quem gosta de fazer fretes ao poder, mas sim de quase 23% e atingindo mais de 1.300.000 portugueses.

Basta de mentiras e de poeira para os olhos, desde a campanha eleitoral que não têm feito outra coisa. Mas acontece que já nem dinheiro temos para colírios.

Comentários

trepadeira disse…
Desde o tempo do início do desastre,com especial relevo na década de 80 quando foram nomeados para as chefias,não funcionários de carreira escolhidos em concurso,mas comissários políticos paraquedistas incompetentes,que os números são manipulados.
Quando era preciso baixar o "desemprego" mandavam fazer um controlo por correio,quem não respondia,num prazo sempre exageradamente,e propositadamente,curto, era eliminado.Descia brutalmente o número de inscritos para emprego.No mês seguinte lá se inscreviam outra vez mas a fraude já estava publicitada,tinham sido cumpridos os objectivos.

Um abraço,
mário

Mensagens populares deste blogue

valha-nos santo eucarário!