a crise como desculpa para a barbárie
Não há dinheiro, dizem. Por isso, reduzem-se salários, cortam-se subsídios e pensões, aumentam-se os impostos, sufocam-se os que vivem do seu trabalho. Não há dinheiro, dizem. Por isso, criam-se leis que facilitam os despedimentos, poupa-se nas indemnizações e, à revelia da Constituição, quer-se tornar o trabalho tão precário que leve cada qual a mendigar a esmola de uns dias de salário em troca de um horário laboral insuportável e de toda a espécie de prepotências.
Por outras palavras, a crise mais não é do que um pretexto para empobrecer milhões e enriquecer uns quantos miseráveis de sentimentos.
É por estas, e por outras, que apoio com todas as forças e com todo o entusiasmo a luta dos estivadores. São o último bastião, a última barreira entre nós e a barbárie. Se eles fracassarem, perderemos todos.
Deles se disseram muitas mentiras, que ganhavam mundos e fundos, que tinham privilégios que mais ninguém tem. E quem espalha essas mentiras é, tantas vezes, quem ganha mal, quem merecia melhores salários e melhores condições de vida.
Ao estarem contra os estivadores, estão contra si. A cavar a sua própria sepultura.
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