esta é a voz: miguel relvas, tem um minuto para abandonar o governo


Por Tiago Mesquita
http://expresso.sapo.pt

O ministro Relvas é como o totoloto: anda à roda todas as semanas. É rara a semana em que não vemos o seu nome envolvido em nova polémica. Todos elas, no mínimo, duvidosas e mal esclarecidas. Curiosamente, nunca sai ( o totoloto - entenda-se). Nunca me saiu a mim, provavelmente nunca lhe saiu a si, e nunca saiu do governo o senhor ministro. Por muitas voltas que dê na tômbola das suspeitas, mantem-se no cargo. Uma espécie de Godinho Lopes da política. A saída do ministro Relvas do governo já se tornou numa espécie de chacota, motivo de todo o tipo de ironias e gozo. Um mito urbano, de estilo um bocadinho provinciano, a roçar o bacoco, da política nacional.

"O gabinete do primeiro-ministro considerou "lamentáveis e totalmente infundadas" as suspeitas levantadas pelo PS em relação ao envolvimento do ministro Miguel Relvas no processo de privatização da TAP...". Tudo isto por causa de uma notícia publicada pelo jornal "Público", que dava conta de um "alegado envolvimento de Miguel Relvas e do ex-chefe da Casa Civil de Lula da Silva, José Dirceu - condenado a mais de dez anos de prisão no caso "Mensalão" - no processo de privatização da TAP". Expresso

Sinceramente, nem vou comentar. Acho que verdadeiramente "lamentável" é termos de continuar a levar com o ministro Relvas. A necessidade de desmentidos semanais para limpar a honra do senhor ministro, enxovalham não só o débil governo, como o país e todos os portugueses. "Lamentável" é o ministro não perceber que há muito tempo que ninguém o leva a sério e que este facto prejudica não só a sua atuação como descredibiliza o governo, enfraquece a democracia e desacredita, ainda mais, a triste e decrépita política nacional.

Lamentável é, caso após caso, polémica atrás de polémica, não vislumbrar na figura do senhor ministro uma réstia de vergonha, recato e bom senso que o leve a considerar sequer a hipótese ( já nem vou falar de 'académica' - para não melindrar ainda mais o senhor ministro) de abandono do cargo. Teimar, não aceitar a fragilidade em que se encontra é ridículo. É uma atitude bizarra e insustentável. A presença no governo tornou-se num exercício patético de masoquismo político. Viver cilindrado pelas dúvidas permanentes da maioria dos portugueses é, todavia, um facto que parece não incomodar muito o senhor ministro.

Há políticos que não entendem que os cargos não se sobrepõem aos valores que devem pautar a sua atuação e que responsabilidades há que estão muito para além das funções que lhe são atribuídas, ou das agendas pessoais. O ministro Miguel Relvas, com mais ou menos privatizações, passa, Portugal fica. Para sempre. E Portugal não se vai esquecer de Relvas.

Se a voz da sua consciência nada lhe disser, acredite pelo menos nisto: a maioria dos portugueses não parece confiar em si. Faça um favor a si mesmo, senhor ministro, e a todos nós: demita-se.

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