sombras no paraíso
Por Viriato Soromenho-Marques
A Alemanha apresenta hoje uma invejável taxa de desemprego de 6,8%. Contudo, uma aproximação mais detalhada revela contrastes e mesmo injustiças. Desde logo, mais de 7 milhões de empregos correspondem a trabalho mal remunerado e precário, os minijobs, que rondam um salário de 400 euros mensais (na Alemanha não há salário mínimo). Muitas destas pessoas são working poor, trabalhadores que não conseguem sair do limiar da pobreza, mesmo estando a laborar. Há também uma enorme diferença entre o trabalho no sector secundário, onde existem poderosas organizações sindicais, que garantem salários razoáveis e o labor no sector dos serviços, muito pouco protegido, com uma população ativa dominantemente feminina, que não goza da aplicação do princípio: "Salário igual para trabalho igual." Mais preocupante é verificar que nos últimos vinte anos tem aumentado, também na Alemanha, o fosso entre os mais ricos e os mais pobres, e diminuído a parte do rendimento do trabalho no conjunto do produto interno bruto nacional.
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