acampamento do rossio censurado na imprensa
Estão acampados no Rossio há mais de uma semana, mas têm passado ao lado das televisões e imprensa. Novos e velhos estão juntos e debatem o futuro do País. Indignados, descontentes e inspirados pelo que aconteceu na Porta do Sol em Madrid, vários portugueses juntaram-se, primeiro, na embaixada de Espanha, e depois no Rossio, onde estão concentrados há oito dias seguidos. Há música, ioga, debates... É a busca pela "Democracia Verdadeira", que nem a chuva demove, nem a ausência de mediatismo. São os jovens, principalmente, que lá estão. São eles quem assegura que a praça do Rossio tem sempre actividade. Mas não são só eles. Todos os dias há uma assembleia às 19h00 - para tirar partido das pessoas que saem do trabalho. Cada pessoa pode falar ao microfone e dar sugestões ou fazer propostas, que depois serão votadas. Foi assim que surgiu o manifesto. O objectivo é ficar no mínimo até às eleições de 5 de Junho. O manifesto explica o porquê da vigília. «Unidos pela indignação perante a situação política e social sufocante que nos recusamos a aceitar como inevitável, ocupámos as nossas ruas. [...] O resgate assinado nas nossas costas com o FMI e a UE sequestrou a democracia e as nossas vidas. O apelo é para que todas as pessoas se unam para que se possa "mudar de vez as regras deste jogo viciado"».
O movimento não tem apoio institucional de ninguém, nem mesmo da Câmara de Lisboa. Mas conta com apoios pontuais de restaurantes da zona, que dão comida, e até de tipografias que se oferecem para imprimir os panfletos, prossegue a estudante. Várias lonas ocupam o espaço entre a estátua de D. Pedro IV e alguns dos postes e árvores envolventes. O movimento 12 de Março também tem marcado presença. João Labrincha, um dos organizadores da manifestação da geração à rasca, diz que tem estado presente nas assembleias, onde já ouviu "coisas muito interessantes". Helena Roseta, vereadora da Câmara de Lisboa, também tem aproveitado para participar nas assembleias. Não como vereadora, mas como cidadã. "Estou preocupada com a situação do País e quero tentar perceber o que lá se passa. O que é um facto é que a democracia não tem respondido às necessidades da população", destaca. A vereadora critica o facto de o movimento não estar a merecer a devida atenção dos média. O "El País" ilustra a página seis da sua edição de ontem com a assembleia popular do Rossio.
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