os passos perdidos de pedro passos coelho
O país está sem dinheiro, assustam-nos. Portugal está na bancarrota, ameaçam-nos. Andámos a viver acima das nossas possibilidades, acusam-nos. Fazem chantagem connosco para melhor nos roubar. Aumentando-nos o preço dos bens essenciais e fornecimentos domésticos através do IVA, reduzindo-nos salários, aumentando-nos o IRS, tornando-nos mais fáceis e mais baratos de despedir, encarecendo-nos o acesso à saúde, à educação, à justiça, enquanto o dinheiro assim extorquido segue, até ao último cêntimo, para os bancos, as PPP's, os swaps, as fundações, as empresas públicas, os assessores, motoristas e automóveis, o estadão de um Estado que se recusa a empobrecer, sem falar do dinheiro desviado para a corrupção que, a gente até sabe porquê, não é combatida.
Não, não é preciso ser-se de esquerda, comunista, socialista, trotskista, maoista ou o diabo a quatro para nos indignarmos com esta política ignóbil. É preciso ter sensibilidade, inteligência, sentido de honra e de justiça. Atributos que nem Passos nem os da sua trupe possuem.
Disse esta noite Clara Ferreira Alves, no Eixo do Mal, que Passos Coelho teima em não se demitir porque ainda não acabou o trabalho de sapa para o qual o fizeram eleger: as privatizações, que tanto dinheiro ainda vão dar a ganhar a alguns. É capaz de ter razão.
Passos conseguiu ser eleito com mentiras, falsas promessas, falinhas mansas. E algo me faz crer que nem assim os portugueses aprenderam a lição. Que cairão na esparrela as vezes que forem precisas. Alguém disse e muito bem: se as pessoas soubessem votar, há muito que a democracia tinha acabado. De facto, se ela subsiste, é porque os senhores do dinheiro e os seus lacaios podem dormir descansados, sabem que o perigo dificilmente advirá de eleições.
Por isso mesmo vão enchendo a boca com bonitas palavras, democracia, consenso, tolerância, liberdade, estado de direito. Até ao dia em que os seus privilégios forem postos em causa, os seus estratagemas denunciados, os seus cambalachos castigados. Nesse dia, acabam-se a democracia, o consenso, a tolerância, a liberdade e o estado de direito.
Passos já deu os primeiros passos. Passos perdidos, tenho essa esperança. Não estou é Seguro disso.
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