cortes já chegaram aos quadrúpedes?
Por Ferreira Fernandes
Portanto já sabem: são, no máximo, quatro animais por apartamento. E, atenção, cães, só dois; gatos é que podem ser quatro. Não, não podem ser três chihuahua, nenhum conta por gato, nem chamando Bichana ou Sissi ao terceiro. Enfim, os nossos governantes mostram que não estão desatentos às mudanças da sociedade portuguesa. Ontem havia que controlar as entradas dos estudantes nas universidades. Agora que a juventude se vai embora, a prioridade é o numerus clausus dos animais nos apartamentos. Se isto não é a reforma do Estado, o que é uma reforma do Estado?! Estamos, pois, perante uma legislação pensada e cirúrgica, embora desta vez dedicada só aos pequenos quadrúpedes. As carraças (oito patas) num fox terrier até podem ser 36, mas só conta o cão. Esse fox terrier e um labrador com pulgas (seis patas) também só contam como duas pessoas jurídicas, dois cães, portanto, dentro da norma. Porém, se o Bobi e a Laica tiverem uma ninhada, evidentemente os cachorros têm de sair da sua zona de conforto e emigrar para outro apartamento. As atuais e tão necessárias medidas devem ser consideradas somente as precursoras de um pacote que se estenderá em breve à cabra na banheira do 5.º direito e ao burro na varanda, símbolos da economia subterrânea que tem de ser combatida. Os peixinhos de aquário aguardam outra abordagem porque o direito marítimo, como se sabe, é muito específico. Caso bicudo vai ser com as lagartas: quando virarem borboletas herdam o precedente direito ao apartamento?
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