o amigo, o motorista, a mãe, a ex-mulher e o "amante" dela
AFP/Getty Images/Observador
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Nas parangonas dos tablóides, nos leads dos noticiários televisivos, raramente se menciona o nome de Carlos Santos Silva. Ele é o amigo de Sócrates. Ou, mais respeitosa, mas não veneradoramente, o empresário amigo de Sócrates. Porque Sócrates é que é notícia, Sócrates é que vende jornais e rende audiências, Silva é nada, Silva é um Zé-Ninguém, não fora Sócrates e à maralha de pouco interessaria a prisão do Silva, a libertação do Silva, as culpas do Silva, a pulseira electrónica do Silva, as posses do Silva, as maroscas do Silva, o destino do Silva.
A imprensa já condenou Sócrates, resta à populaça acreditar piamente no que a pia escreve ou diz. Já são demasiadas suspeitas, demasiados indícios, para que alguém possa ainda presumir a inocência de Sócrates, só a meia dúzia de tolos que vai a Évora entoar cantigas à porta da prisão, só os socialistas empedernidos, só papalvos como eu que, nunca tendo sido socialistas, acham que a história está mal contada, que o processo chegou na hora certa para as hostes do PSD/CDS, que há outros que lá deveriam estar, em Évora, Alcoentre ou noutra choça qualquer, e não estão, que o estado a que o Estado chegou nos leva a desconfiar de ministros, magistrados, directores gerais, assessores, procuradores, conselheiros, presidentes disto e daquilo, amanuenses engajados e lambe-botas encartados, boys, bloggers que saltam para o governo, governantes que saltam para empresas, advogados que saltam dos negócios para o parlamento e do parlamento para os negócios, inquilinos que sentam os nutridos traseiros em São Bento, Belém e outros palácios e palacetes pagos por nós com suor, tantas vezes lágrimas, muitas vezes sangue.
Sei que o meu ponto de vista é pouco popular. Que da direita à esquerda quase todos querem ver Sócrates encarcerado para toda a vida, a chave perdida para sempre. Eu sei. Mas continuo a remar contra a maré. Contra tudo e contra quase todos. Repito: a história está, toda ela, mal contada. Os sacos de dinheiro, as contas bancárias, a vida faustosa, o livro que nunca escreveu, os empréstimos que nunca pagou, o motorista, o amigo, a ex-mulher, a farmacêutica, as casas da mãe vendidas ao Silva, as casas que nunca foram do Silva, as ligações, as conotações, as ilações e deduções, mais a licenciatura, mais o Freeport, os zunzuns, o disse-que-disse, cheiram-me a literatura de cordel redigida por escribas assalariados do Correio da Manhã, do Sol e doutros pasquins e jornais ditos sérios, a mando sabe-se lá de que mastins, em jeito de fado alexandrino, num tom menor, numa espécie de desgarrada de rufias ou largada de toiros furibundos.
Disse. Agora, podem vituperar. À vontade.
Comentários
Parabens
Somos muitos os que temos a sua opinião, só não sei porque se escondem, será medo? isto preocupa-me bastante, as pessoas não se manifestam mais sobre este assunto porque têm medo de perder o pouco que lhes resta, em comentários e ideias que troco com amigos e não só, a duvida que nos assola e nos perguntamos variadíssimas vezes é se ainda vivemos em democracia e essa é a questão.
1- em notas
2- dentro de envelopes com cerca de 5 mil euros cada
3- envelopes estes dentro de malas pretas (podem ser do chinês)
4- entregues em mão pelo João Perna
5- de automóvel (pode ser em Audi's das facturas da sorte)
6- na minha casa emprestada ou arrendada de Paris do meu amigo Carlos
7- e... muito importante, só às 3ªs e 5ªs feiras entre as 15h e as 18h, caso contrário, mando o João de volta
Por fim...exigia prova documental destas entregas, entre cada um dos pontos anteriores, um documento (não menos de 3 páginas) redigido pelo Juiz Carlos Alexandre e rubricadas as páginas todas pelo Procurador Rosário teixeira.
Caso isto falhasse num qualquer destes pontos... retornavam à casa partida, encarregava o meu advogado castiço de conferir ponto por ponto.
Isto era se eu me chamasse Sócrates e se... tudo acabar em águas de bacalhau após as eleições para Presidente da República, como eu desconfio que será a data para o encerramento desta festa toda, como aliás estava programado desde novembro de 2014.
Esse relambório está perfeitamente identificado...
Escrever bem, não significa que tenha razão.
O Socátres é cúmplice de toda esta corrupção, e não devia ser só ele a estar preso, todos os que o apoiam, miserávelmente, por interesse ou por amizade, defender um Ladrão é ser cúmplice nesta bandal
heira de país que se convencionou chamar Portugal.
Dito isto: a história está mal contada, mas às vezes a realidade supera a ficção, e o seu texto não acrescenta nada, é revoltante por juntar no mesmo parágrafo Évora, Alcoentre ou outra choça qualquer, os presidentes disto e daquilo, amanuenses engajados e lambe-botas encartados, boys, bloggers que saltam para o governo, governantes que saltam para empresas, advogados que saltam dos negócios para o parlamento e do parlamento para os negócios, inquilinos que sentam os nutridos traseiros (...) e, do outro lado ministros, magistrados, directores gerais, assessores, procuradores, conselheiros, etc. (estes não parecem merecer o benefício da dúvida quanto à sua idoneidade...).
O seu texto não acrescenta nada, apenas é mais fácil de tolerar numa altura de mudança da narrativa.