carta aberta aos abstencionistas
É um governo com estes que quer? Então, deixe-se ficar em casa. |
Numa sondagem do jornal Expresso, 68% dos inquiridos responderam, quiçá orgulhosamente, que o PSD era o partido ideologicamente mais chegado à troika e, como tal, melhor preparado para cumprir o acordo de "ajuda" externa (ajuda a juros de agiota, não está mal a boa acção).
Mas aí é que está o busílis. Do que este país precisa é de um governo que ponha o país na ordem, que ponha fim aos benefícios escandalosos dos políticos e apaniguados, à corrupção, a institutos, fundações, autarquias, governos civis inúteis e outros organismos redundantes e gastos milionários. Um governo como deve ser, e não será do PSD nem do PS, muito menos do CDS por muito que Portas alardeie o seu amor aos pobrezinhos confundindo caridade com justiça social, um governo como deve ser trocava muitas das medidas exigidas pela troika por outras que equilibrassem as contas públicas sem sacrifícios imorais, desumanos, aos mesmos de sempre, os que vivem do seu salário, um salário não inflacionado como se de um milagre "dos rosas" se tratasse, gente que paga as suas contribuições a tempo e horas e que vê o seu orçamento familiar minguar a olhos vistos (e ainda a procissão vai no adro e o prior não foi eleito).
A troika não tem que impor esta ou aquela medida. Não foi eleita por ninguém para governar o país. Temos que pagar a dívida, devidamente renegociada? Seja. Mas as medidas têm que ser justas, a pensar no futuro e no progresso do país, no bem estar de todos e não apenas no de alguns. A troika aqui não manda nada. E todos aqueles que querem cumprir, tintim por tintim, as medidas impostas por quem não foi mandatado para tal, devem sofrer uma derrota a 5 de Junho. Por uma questão de patriotismo. De orgulho. De bom senso. De sentido de justiça. Por uma questão moral.
Eleições houve em que também não votei, por desalento ou descrença. Desta vez, não me vou abster. Se todos fizerem o mesmo, os senhores do poleiro, PS, PSD e CDS, terão uma grande e amarga surpresa. E nem sequer apelo ao voto neste ou naquele partido, à direita ou à esquerda. O meu apelo é para que se vote. E que esse voto seja um sinal de indignação, um grito de revolta, um gesto patriótico. De quem não quer ver o seu país vendido ao desbarato, governado por marionetas à ordem de estrangeiros e dos seus interesses espúrios. Que não são, nem de perto nem de longe, os nossos.
Vá votar. Desta vez, vá votar.
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