a grécia está nas ruas, sabia?
Depois de terem ignorado os dias iniciais dos protestos em Espanha, e de terem feito uma cobertura tardia e limitada das repercussões em Portugal, os media portugueses insistem em fechar os olhos, ou em tentar fechar-nos os olhos, em relação a outro palco de contestação em curso: a Grécia.
São pelo menos cem mil nas ruas em Atenas há vários dias, a protestar contra as medidas de austeridade, a intervenção do FMI, a complacência do governo, a vida que não podem viver.
Nisto, os media portugueses não estão sozinhos: o bloqueio é geral. Percebe-se que o efeito claro das políticas de austeridade impostas pelo FMI desde há um ano não seja uma visão agradável que para quem tenta implementar o mesmo plano sanguessuga por outras paragens; e menos será a consciência de que as pessoas não estão rendidas ao que lhes vendem como inevitável, e que um ano de austeridade e ameaças as faz sair para a rua em massa. Mas não será precisamente porque a Grécia é um exemplo tão próximo e claro que o jornalismo digno desse nome devia fazer questão de pelo menos noticiar? já nem falamos de isenção, debate, investigação - apenas da obrigação básica de informar. Mais ainda num país em campanha eleitoral para umas eleições que se disputam em torno das questões da austeridade e das imposições da mesma troika responsável pela situação grega.
Existem alguns artigos on-line|1|, transmissões em directo|2|, e até a hashtag #greekrevolution no Twitter. Se os media não cumprem o seu papel, há quem o faça. Mas acreditamos que o contributo da comunicação social para o debate e a informação dos cidadãos é insubstituível, e que jornalistas sérios não prescindem das suas obrigações éticas. Por isso, aqui fica o apelo: façam o vosso trabalho, e informem-nos acerca do que se está a passar na Grécia.
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