e o fascista sou eu?...
Certas figuras de proa deste navio encalhado que ainda dá pelo nome de Portugal muito têm usado a palavra antidemocrata, e até fascista!, para desclassificar quem quer que seja que se insurja contra o governo da coelhal criatura. Que, repetem incessantemente, em democracia há que aceitar o governo livremente eleito pelo povo. Esta é mais uma mentira a juntar a tantas, como as de que "não há outra alternativa", que "quem nos critica não aponta soluções", que "andámos a viver acima das nossas possibilidades" ou que "a culpa é toda do Sócrates".
Este governo foi eleito com base em promessas vãs, vis, e num programa que, nem de perto nem de longe, está a ser cumprido. Façam uma pesquisa no youtube. Vão ver a quantidade de vídeos onde, em plena campanha eleitoral, se vê PPC a anunciar que nunca iria pedir sacrifícios aos que mais precisam, que nunca iria roubar os subsídios de férias e de Natal, que nunca iria aumentar impostos, que ele sim, iria pôr o país nos eixos, acabar com os "jobs for the boys" e com os grandes negócios feitos à custa do Estado, com as benesses e alcavalas de quem dorme à sombra do erário público. Lembram-se? Eu lembro-me.
Ademais, por que carga d'água é que, em democracia, quem se opõe a um governo (por mais legítimo que seja, e este não o é) é antidemocrata? Então isto não é exactamente o oposto de democracia, tentar calar quem não alinha nem apoia a suposta maioria sob o pretexto de que, estando contra o governo, estão contra o povo que os elegeu e contra as, dizem eles, instituições democráticas?
Também me chamam fascista. Já me chamaram muitas coisas, esta é nova e arrevesada. Se quero que o governo caia e caia com estrondo? Quero. Se quero que PPC e companhia sejam punidos pelas mentiras, roubos e governação desastrosa? Quero. O que é que isto tem de atentado à democracia? Não será antes querer defendê-la com unhas e dentes?
Não sou apologista de ditaduras, venham de onde vierem. E ai do dia em que, em campanha eleitoral, os políticos forem legalmente obrigados a respeitar todas as regras democráticas, com a proibição - sob pena de demissão imediata - de fazerem promessas que não cumprirão ou de enganarem os eleitores com mentiras. Ai do dia em que os eleitores, seja qual for o lado para que se inclinem, se tornem intolerantes perante o compadrio, a desonestidade, a corrupção, a governança em prol de minorias, incluindo dos próprios eleitos. Ai deles. Porque esse dia virá. Um povo não pode dar, continuamente, o ouro ao bandido, carta branca a marés negras que, volta não volta, inundam o país de pobreza e desesperança.
Antidemocrata, eu? O tanas! Antidemocrata é um governo que insiste em actuar contra o povo que o elegeu. Que, sob o pretexto da crise, põe em prática um plano, longamente arquitectado, de desmantelamento do Estado Social, de empobrecimento de todo um povo para tornar o país "atractivo" ao investimento estrangeiro, o mesmo que investe em trabalho escravo na China, o mesmo que especula com milhões de vidas, o mesmo que provoca desemprego, fome, penúria, suicídios.
Sábado, nas ruas, vamos ver onde está essa tal minoria de reaccionários e de fascistas e de antidemocratas que atentam contra a dignidade de Relvas e de outros ministros. Ao som da Grândola e aos gritos de "o povo é quem mais ordena". Querem melhor exemplo de democracia? Vamos a isto.
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