populista é a tua tia e casou-se, pá!


Aqui d'el-rei que Beppe Grillo é populista e quem anda por aí a cantar a Grândola a ministros-sombra é antidemocrata de gema, retinto, assanhado e façanhudo, com barbas à Rasputine e os instintos sanguinários de um Hitler ou de um Estaline. Acudam, a democracia está em perigo!, gritam as virgens ofendidas do alto dos seus pedestais políticos e jornalísticos enquanto eu cá, mas quem sou eu?, acha o contrário, que, a pouco e pouco, os povos vão abrindo os olhos e exigem mais e melhor democracia. Sou dos que pensam que votar só não chega, que votar no mal e no mal menor ainda pior. Sou dos que querem mais, querem políticos sim, mas dos que lutem pela coisa pública e não pelos seus interesses ou pelos interesses dos seus partidos (claro que há excepções, nunca ninguém disse o contrário, só que as excepções são literalmente cilindradas dentro dos seus próprios partidos, não têm futuro, não nos garantem o futuro). 

Se a crise nos maltrata a cada dia que passa, também nos ensinou - a duras penas, é verdade - que já chega de compadrio e clientelismo, já basta de Cavacos dos centros culturais, de Guterres das pontes e estádios, de Sócrates dos Magalhães e da demagogia barata, de Santanas de ópera-bufa e de Coelhos dos roubos e impiedades e mentiras e humilhantes subserviências a pensar nos amanhãs que lhes cantarão em cargos de estadão. Queremos políticos, de direita ou de esquerda estão no seu direito de pensar diferente, que sejam sérios e encarem a sério a sua missão de servir o País e não de se servirem ou servirem os senhores do dinheiro, os donos do mundo. Sou pela implosão do actual sistema, lá isso sou. E a favor da democracia plena, não da fingida, deste simulacro assente em mentiras, logros, atentados à nossa inteligência e assaltos à nossa bolsa. Sou como milhares de portugueses que vão andar sábado pelas ruas. Os malandros cantarão a Grândola. Deus nos acuda que a democracia, nesse dia, vai ficar enclausurada no parlamento, nas sedes partidárias, no conselho de ministros, no palácio de Belém. À solta, andarão os apologistas da ditadura, do caos, da hecatombe. Aqui d'el-rei. Acudam-se.

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