uma portinhola de esperança
Das feiras ao ministério, Portas é um mistério que a política tece. Portas é o grande pretendente a um cargo supimpa. Primeiro-ministro? Presidente da depauperada, da depenada República? O futuro o dirá, que o futuro a Portas pertence. Portas é um adaptável, é irreversível num dia e reversível, como colchão ou agasalho, no outro. Portas é como Pedro, tão mentiroso é um como aldrabão é outro. Mas fá-lo, mentir, com mais maquiavelismo, maior subtileza, um quase fenómeno nas artes malabares, um alquimista que doura a pílula enquanto o diabo esfrega o olho traseiro. Portugal sem Portas não era o mesmo. Portugal sem Portas era um relento. Portugal sem portas era um rebento, uma explosão, a derrocada. Portugal sem Portas era porta aberta ao saque. Com Portas estamos protegidos. Com Portas estamos abrigados. O que Portas quer, Portas tem. Depois de vice, faça-se primeiro ou, de Belém, menino d'ouro, bufarinheiro de fancaria, uma bufa, um bufão, um bufo. Escancaremos as portas a Portas. Para que, depois da reforma do Estado e da reforma das reformas a bem dos velhos e da Nação, Portas se reforme e se apresente ao eleitorado como novo, um amigo do povo, um benemérito, um santo. São Paulo. De Sacadura Cabral. Portas. Portas é o portador das boas novas. Portas é o porta-estandarte da raça. Portas é o portageiro dos impostos sacados à força, a portinhola da boa esperança. Portas é um porto de abrigo. Portas é Portugal.
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