por um portugal bucólico

Isto sim era Portugal, pobre mas honrado, pobrete mas alegrete!
Depois da liberalização dos despedimentos e dos cortes nas indemnizações, eis que se prepara a flexibilização do horário de trabalho.  

Tenho uma ideia: já que estamos a regressar a passos (credo!) rápidos ao século XIX (ou, com muito optimismo, ao Estado Novo), que tal obrigar as mulheres a usar espartilhos e vestidos compridos, de preferência negros? Ou, porque não, uma burka, devidamente adaptada aos nossos mais puros e generosos sentimentos cristãos? Já agora, deveriam ser terminantemente proibidas de sair de casa para trabalhar, o lugar delas é a cozer ovos e a coser meias e, de caminho, resolvia-se de vez o problema do desemprego, que um homem desempregado é um revolucionário em potência e a gente não quer cá disso.

Por mim, vou já escrever uma carta a Sua Excelência o Sr. Presidente do Conselho de Ministros (era assim que se escrevia no Estado Novo, o respeitinho era, e continua a ser, muito bonito): a pedir-lhe encarecidamente que restitua legitimidade ao trabalho infantil. Só faz bem aos ganapos, em vez de lhes andarem na escola a meter macaquinhos no sótão, ideias subversivas na cabeça e conhecimentos que os podem transformar em seres revoltados, do reviralho, uns madraços da pior espécie.

Tenho em mente outras medidas de igual acuidade mas, por agora, vou lavar-me. Sinto-me emporcalhado.

Mais em:
http://www.precariosinflexiveis.org/2011/09/desregulamentacao-total-o-fim-do.html#.ToJo9ZPISRs.facebook

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