os comentadores, tão engraçados, dizem mentiras com mil cuidados

Ontem, no rescaldo da manifestação em Belém, andei num zapping desenfreado pelos canais de notícias, onde os comentadores de serviço, e para todo o serviço, opinavam sobre os acontecimentos dentro e fora do palácio. Muitos deles, embora dizendo cobras e lagartos do governo - é preciso irmos para onde sopra o vento e o vento não sopra de feição aos rapazolas de Passos Coelho -, acrescentavam que todos os que criticam as políticas do governo não apresentam alternativas. Por outras palavras, subentendia-se, não há outro remédio a não ser o de levar com a austeridade na fronha. Pagar e não bufar. Mas há alternativas. Claro que há. Até Rajoy, Monti ou Samaras sabem que elas existem. E, que eu saiba, não são anarquistas façanhudos nem perigosos esquerdistas. O povo não pára de sugerir alternativas. Hollande já adoptou outras alternativas. Economistas aventam alternativas. Políticos adiantam alternativas. Mas para estes senhores comentadores, secundando os ditos por não ditos do governo e da sua pandilha parlamentar, repetem à saciedade que ninguém apresenta alternativas à sua genial governação. Uma mentira colossal a juntar a outra mentira colossal, a de que andámos a viver acima das nossas possibilidades. 


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