ai, ai, anda por aí uma conspiração contra o governo
Francisco Seco, AP/http://www.jn.pt |
Vale a pena ler as crónicas de Miguel Sousa Tavares e de Clara Ferreira Alves, no Expresso de ontem. São teorias da conspiração, senhores, um autêntico escândalo, aqui deve andar a mãozinha de comunistas e afins pois, como se sabe, Clara e Miguel são, desses, agentes encapotados, infiltrados num jornal de respeito. Então não é que o malandro do Sócrates se terá oposto ao pedido de "ajuda externa" até ao limite das suas forças? Então não é que gastou o que gastou porque a Europa, via Merkel, o mandou gastar, para mitigar os efeitos da crise económica nascida nos Estados Unidos em 2008? Então não é que a direita, a que o acusa de despesismo até ao limite do absurdo, o pressionava para gastar ainda mais? Então não é que Passos, cantando e rindo, e mentindo, mentindo sempre, fez com que o PEC IV não fosse aprovado para, assim, subir ao poder e cumprir o seu programa de sempre, o programa da troika, o programa de empobrecimento dos portugueses para tornar o país "mais competitivo", rivalizando com os salários e as condições de trabalho dos chineses, dos filipinos, dos indianos? Por outras palavras, a gente lê e chega à conclusão de que, se Sócrates não foi santo nenhum, este é o diabo em pessoa.
Trata-se, seguramente, de uma conspiração contra o governo. Querem fazê-lo cair, é o que é.
Eu, por mim, só para estes darem de frosques de uma vez por todas, estou disposto a fazer o mesmo que eles, os da direita que não se endireita nem com pau de marmeleiro: mentir, caluniar, rasteirar, inventar escândalos, fraudes, comportamentos sexuais "desviantes", o rol é quase infinito e, se os spin doctors são bem pagos, não é para andarem por aí a laurear a pevide por restaurantes e bares da moda.
Em tempo de guerra, usemos as armas do inimigo. Viremos o feitiço contra o feiticeiro. Quem com ferros mata, com ferros morre. Cá se fazem, cá se pagam. Pela boca morre o peixe. Quem faz a cama, nela se deita. A sabedoria popular bate aos pontos a da maralha do alto poleiro. E a vingança, digo eu, deve servir-se bem quentinha. A fumegar.
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