as virgens ofendidas

Todos temos o direito de manifestar a nossa indignação, a nossa repulsa por um governo que está a levar Portugal para a depressão absoluta, económica e social. Eu próprio, que tento manter uma certa contenção verbal, mesmo assim ter-me-ei excedido aqui e ali, fruto da raiva de momento (e quem não sente não é filho de boa gente). Ora acontece que D. Januário disse hoje o que disse ao seu jeito e com a autoridade que lhe assiste, se toda a Igreja católica agisse de forma semelhante até eu ia à missa aos domingos agradecer a Deus Nosso Senhor os servos que, assim, O honrariam.

E eis que as virgens ofendidas do PSD e CDS, que se calam perante escândalos como o de Miguel Relvas - pudera! - , acorreram às televisões esta noite para condenar D. Januário. O ministro da defesa desafia-o até a provar o que disse, em tribunal.

Por outro lado, hoje também, soube-se que Miguel Relvas vai processar Helena Roseta por ter falado "demais". Aposto que até nós, aqui pelos blogues e redes sociais, estamos a ser rigorosamente vigiados. O ambiente é em tudo igual ao fascismo (aqui estou eu a passar as marcas) e, como diz D. Januário, a corrupção governamental alastra.

Porque corrupção não é só cometer ilegalidades a troco de dinheiro e, mesmo por esse prisma, não meteria as mãos no lume por Portas, Relvas e demais maralha adoutorada e pseudo-adoutorada mas, juro, não quero levar com um processo em cima. Com esta Justiça, foi um ar que lhe deu, à justiça.

Corrupto, estão aí os dicionários que me não deixam mentir, tem como sinónimos apodrecido, estragado, adulterado, viciado, dissoluto, pervertido, depravado, desmoralizado, devasso, prevaricador, venal, errado. Ora digam-me lá se todos estes termos não assentam, que nem luva de pelica, às virgens ofendidas que andam pelos ministérios a engendrar mais maneiras de ofender a carteira, o orgulho, a sobrevivência de todos nós? Virgens devassas, pervertidas, depravadas. Nem mais.