cromos para a troca: alberto joão jardim
Boçal, caricato, truculento, trauliteiro, autoritário, nenhum adjectivo, por mais pejorativo que seja, é demais para classificar o régulo de pacotilha que há tantas décadas faz de primeira figura da Região Autónoma da Madeira, ou melhor será dizer da República das Bananas da Madeira. Faz o que quer, diz o que quer, escapa incólume a todas as atoardas e insultos com que bombardeia os continentais, de cubanos a filhos da puta já lhe ouvimos de tudo. Contudo, ai de quem diga mal dele, tão sentido, tão ofendido fica, uma virgem afinal, um santinho de pau carunchoso. Quando isso acontece, aqui d'El-Rei quem me acode?, recorre aos tribunais para que lhe lavem a honra a notas de euro, por mais educado e justo que tenha sido o reparo.
É uma vergonha nacional mas, vá-se lá perceber porquê, os políticos do Continente vão-no aguentando, alguns até lhe acham graça, é assim uma espécie de primeiro palhaço da nação, aparam-lhe golpes e manias de grandeza, cedem às suas chantagens de pequeno mafioso, entregam-lhe de mão beijada o dinheiro que não temos, para que ele o esbanje como um reizinho de ópera-bufa, um nababo de capoeira, um galarote de harém fanado. Para que possa continuar a subsidiar, aos milhões, um jornal que lhe serve de propaganda. A empregar, aos milhares, quem o bajule, lhe salive as mãos sapudas. Gasta à tripa-forra. Exige mais e mais a Lisboa e os de cá, os do governo central, sejam do PS ou do partido que lhe dá guarida, vão-lhe dando mais.
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O Jardim das Delícias: A besta feita de bosta ou a bosta em forma de besta?
Semanas atrás foi o PS, o irmão mais crescido do PSD, a fazer uma gracinha através dos cornos do Pinho (sem ofensa para ninguém); agora, foi a vez do mano mais novo demonstrar as suas habilidades por intermédio do seu melhor artista, o AJJ.
Isso é o retrato do PS/PSD. Bando de biltres e incompetentes, excepto no saque que se evidencia cada vez mais às claras e de forma impune. São os processos judiciais que se abrem (contentores-Alcântara), as averiguações que não acabam (Freeport), os julgamentos que se esquecem (Casa Pia), as prescrições que silenciosamente ocorrrem (Tavares Moreira), os relatórios que se sucedem (corrupção) sem consequências, as leis coxas que se propõem para substituir leis já estropiadas (enriquecimento ilícito), a tranquilidade com que se movem corruptos, traficantes, réus de crimes graves, tão tranquila como a constituição de rápidas fortunas e a fuga decapitais.
Esse retrato do PS/PSD confunde-se com o da república cleptocrática em que se vive. Os gangs mafiosos que se apresentam para uma próxima governação de quatro anos nada de novo têm a propor, nem têm protagonistas credíveis e carregam um rico historial de burlas e atraso económico e social, com desemprego, pobreza, etc. Candidatam-se perante um povo, tão manso que faz parecer os carneiros animais selvagens e que caminha para mais um ciclo de roubalheira com a bonomia mansa das reses a caminho do matadouro.
No fundo, os gangs mafiosos mostram-se nervosos e preocupados com as suas incapacidades de conciliar o saque com uma pobreza e desigualdades toleráveis, num contexto de estagnação económica e endividamento elevado.
O recente caso protagonizado pelo AJJ é mais um episódio, entre outros, a vários títulos ridículos mas trágicos e preocupantes, pois revelam o que em certos círculos se vai pensando para salvaguardar o funcionamento do sistema cleptocrático, mudando qualquer coisa para enganar os tolos. Aparecem por vezes, na praça pública, em casos como o do AJJ, emanações inábeis sobre o que se passa nesses bastidores, sobre o que congeminam, emanações essas que sugerem álcool etílico a bordo.
As leis eleitorais têm estado em discreta e permanente análise e discussão no seio do PS/PSD. Neste momento, devem estar preocupados com o volume de abstenções e a crescente consciência do bloqueio político, que vem aumentando a audiência da esquerda institucional; tudo isso num plano de crise económica e social endémica, sem fim à vista e perante a evidência que a integração europeia, o tratado de Lisboa e afins não trazem a bem-aventurança.
Quanto às abstenções, Carlos César levantou recentemente a hipótese do voto obrigatório. Se as pessoas não acreditarem nos partidos, o Estado destes obriga-as a acreditarem sob a ameaça de coimas, contra-ordenações, polícia à porta; os mandarins querem a legitimidade, nem que seja à força. E acautelem-se, pois as coimas podem cair sobre os herdeiros
21/07/09
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