milhões a voar



Caiu-nos mais uma surpresa nas sopinhas de cavalo-cansado do cada vez mais esquálido pequeno almoço: anuncia-nos a Visão desta semana que Portugal já gastou 120 milhões de euros em helicópteros que nunca virão a ser nossos, mas de quem os apanhar. 

Não há dinheiro, dizem-nos os arautos do capitalismo sem peias e da governança a meias entre Pedro e Paulo, os dois apóstolos apostados na desgraça que nos caiu na mona e na bolsa com a força de um terramoto. Há dinheiro, há. Há dinheiro para os bancos que vão à falência vai-se a ver por obra e graça do Espírito Santo, os submarinos que nos afundaram, os helicópteros que nunca voaram, o TGV que nunca apitou, os automóveis de estadão para os senhores do Estado em que isto está, as PPP's dos ex-ministros, compadres de ministros e confrades de ministros, os honorários dos riquíssimos advogados dos pareceres, dos teres e dos haveres com que se abotoam à tripa-forra, as vaidades dos governantes e a ganância de moinantes, tratantes e meliantes que enricam e nos depenam, há dinheiro para tudo, há, menos para o povoléu encalhado e farto de tanta marmelada que não pode nem lamber.

Isto já não vai lá. Nem à estalada.

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