o pin do chinês

Por Nuno Ramos de Almeida

Sempre que vejo o primeiro-ministro Passos Coelho e o seu grupo de alegres ministros com um pin da bandeira nacional na lapela lembro-me da série britânica “Yes Prime Minister”. Num conhecido episódio, um assessor de comunicação explicava ao governante Jim Hacker que se ele queria apresentar na televisão uma medida revolucionária convinha que viesse vestido de fato e gravata e que o cenário fosse um fundo clássico com tons de madeira conservadores, usando o genérico da dita comunicação um curto intróito da música clássica em passo de ganso. Pelo contrário, caso a mudança proposta fosse para deixar tudo como estava, convinha que o ministro fosse vestido informalmente, com um traje jovem, que o fundo fosse uma obra de arte moderna berrante e que a música escolhida para a função, fosse pelo menos tão moderna como a difícil “Sagração da Primavera”, de Stravinsky, mas de preferência uma obra de electrónica contemporânea.

Cada vez que observo um dignitário do governo de Passos Coelho a vender-nos as políticas de austeridade para alegadamente nos salvar, recordo que essas políticas foram ditadas em documentos do executivo da chanceler Angela Merkel em que se defende que os governos nacionais vão responder directamente a responsáveis estrangeiros. Olho para o pin vermelho e verde com as quinas e tenho duas certezas: a primeira é que a bandeira nacional está lá para disfarçar uma política que serve apenas a um governo estrangeiro e aos seus grandes grupos financeiros. A segunda é que certamente o pin é made in China.

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