o silêncio dos indecentes


Reparo, com dor mas sem surpresa, que tantas vozes se calam. Já não digo a do cidadão comum, tantas vezes submisso, tantas vezes ignorante do mundo e dos homens, tantas vezes conservador e pio, mas de outros com consciência de que caminhamos para o abismo e que este é o governo do descalabro nacional. Por calculismo ou cobardia, calam-se. Aguardam melhores dias. À espera, quem sabe, da sua vez de subir ao poleiro. Com políticas menos mortíferas, até pode ser que sim, mas enredados na mesma teia de compadrios e de interesses que apodrece Portugal.

O mesmo silêncio, a mesma cobardia com que muitos assistiram à ascensão de Hitler, à invasão da Europa, ao extermínio judeu.

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