o estado, esse "chato"
Por Manuel António Pina
A revisão constitucional decretada pela dra. Ferreira Leite na TV, substituindo o "todos têm direito à protecção da saúde" preconizado no artº 64º da Constituição por "todos têm direito à protecção da saúde desde que paguem" (o exemplo dos insuficientes renais com mais de 70 anos precisados de hemodiálise e sem meios que devem deixar-se entregues às orações da dra. Assunção Cristas ficará na História Universal da Infâmia Neoliberal do actual Governo & apaniguados), compreende--se melhor através da eufórica constatação de Isabel Vaz, presidente executiva da Espírito Santo Saúde: "Melhor negócio do que a saúde só mesmo a indústria do armamento".
Na passada sexta-feira, a mesma Isabel Vaz foi particularmente injusta para com os esforços do ministro da Saúde, Paulo Macedo, para, através de aumentos das taxas moderadoras no SNS, da extinção de centros de saúde e hospitais e de impedimentos financeiros ao transporte de doentes, lhe oferecer novas oportunidades de negócio. "Não preciso que o Estado me dê doentes", reclamou a mal agradecida executiva, acrescentando: "Só preciso que o Estado [a quem, segundo a Constituição, "incumbe prioritariamente (...) disciplinar e fiscalizar as formas empresariais e privadas da medicina"] não me chateie".
O sírio Al Kassar, o libanês Sarkis Soghanalian e o russo Viktor Bout, traficantes de armamento "chateados" em diversos Estados, têm boas razões para dizer o mesmo.
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