tão amigos que eles eram!
O cenário está montado, que Passos é useiro e vezeiro em tramóias de baixa política: se Portas não aprovar o orçamento, se o CDS sair do governo, culpá-lo-á pelo segundo resgate que, vingativo, se apressará a pedir. Ou seja, por um lado avisa que as medidas previstas no orçamento, de assalto total ao bolso dos portugueses, foram aprovadas pela troika e, como tal, se o documento não for aprovado não nos será fornecida mais uma tranche do empréstimo; por outro lado, quer-nos fazer crer que, sem mais aquelas, a troika aceitará conceder-nos um segundo resgate sem quaisquer condições, pois ele não estará em posição de aceitar seja o que for porque já não terá a maioria na Assembleia.
Mas adiante.
Que irá fazer Portas, ele que acusava Sócrates, perante medidas apesar de tudo bem mais brandas do que estas, de um holocausto fiscal e outros sinónimos igualmente bombásticos? Quanto a mim, oxalá esteja enganado, vai fingir amuos e arrufos com Passos, mas aceitará o orçamento. Passará a ideia, para os portugueses, de que está contra o orçamento mas que, por um dever patriótico, para que o poder não caia na rua e Portugal não perca a "ajuda" da troika, se submeterá aos fatais intentos de Passos e Gaspar.
Assim, quando dentro de seis meses, ou até menos, Portugal sossobrar de vez, Portas dirá que não teve culpa de nada, que sempre foi contra, que foi um patriota e nada mais.
Oxalá, repito, esteja enganado. Para bem de todos nós. Para que este pesadelo acabe. Dois homens, Passos e Gaspar, não podem desgraçar um país sem que nada se faça para os deter.
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