vendam-se as cidades, venda-se o mar, venda-se tudo

Consta do orçamento: o nosso património cultural pode ser concessionado a terceiros. Já estou a ver os Jerónimos transformados numa imensa fábrica de automóveis, reparem bem naquela largueza, o Centro Cultural de Belém num adequadíssimo parque empresarial, o Parlamento num hotel de luxo, a Torre de Belém num recinto para espectáculos porno. Mas eu, se fosse ao Passos, ao Portas, ao Viegas e aos demais doutores iria mais longe. Vejamos: o mar pode ser concessionado a Espanha, a Marrocos ou a quem o quiser pagar; as matas e florestas podem ser vendidas à Finlândia para a indústria do papel; a serra da Estrela podia servir para construir um imenso luna parque europeu. E nós podíamos ser vendidos aos alemães que, para nos acolher, criariam campos de trabalhos forçados. Pense nisso, doutor Viegas. Vá nessa, doutor Pereira. Acabe com a raça dos homens que não pagam as contas, doutor Passos.

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