uma orgia fiscal sem precedentes
Por Tiago Mesquita
Uma desgraça. Este governo é catastrófico. Se existisse uma escala, à semelhança da escala de Richter, mas para medir os efeitos negativos, o desnorte e a incompetência política, este governo seria uma espécie de Lisboa 1755 com cobertura de Áquila 2009, salpicos de Haiti 2010 e um banho final de Banda Aceh 2004. Tudo treme à passagem de Passos e companhia. Nada permanece intocado. A cada medida produzida é mais um abanão nas estruturas da sociedade e meia dúzia de fendas na democracia. E quando julgamos estar tudo mais tranquilo surgem as réplicas prolongadas pela voz do entediante Vítor Gaspar. No final, quando já praticamente nada resta, vemos ao longe um levantamento de água fora do normal. Uma espécie de onda que se vai avolumando, agigantando ao encurtar da distancia, e que ao embater com estrondo varre tudo o que parecia ter sido poupado.
Nunca vi tamanha desorientação e descontrole. Pior, para além da incompetência das medidas, do descalabro económico e social gerado por uma visão fiscal doentia, do falhanço monumental das politicas de crescimento (inexistentes) que levaram ao governo defunto que temos, um grupo de indivíduos a funcionar por espasmos e ao acaso baseados numa fé cega, perdeu-se algo que é fundamental em qualquer relação: a confiança e o respeito. Os portugueses não confiam em absolutamente ninguém ligado ao governo. Não confiam em ninguém ligado à política. Não respeitam quem elegem. Não os suportam. Tornou-se uma impossibilidade democrática. A negligência social, o desrespeito pelos cidadãos, a mentira e as historietas a mais com explicações a menos deixaram de ser admissíveis. Tornaram-se impossíveis de suportar. Este governo não tem margem para pedir absolutamente nada, muito menos sacrifícios.
Passos Coelho neste momento não seria eleito para administrador de condomínio de nenhum prédio deste país. Não seria eleito para absolutamente nada que o obrigasse a gerir o que quer que fosse que mexesse com os interesses de alguém mentalmente são. O orçamento de estado entregue ontem, as 10 pens que Vítor Gaspar deixou nas mãos de Assunção Esteves, uma espécie de orgia fiscal sem precedentes, são a certidão de óbito deste governo e provavelmente do país e da sociedade como a conhecemos. Isto se nada acontecer e mudar drasticamente o rumo dos acontecimentos. O governo morreu, o país ainda se pode salvar. Façamos algo.
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