gente fina
Por Fernanda Mestrinho
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José Luís Arnault passou o ano em Copacabana com Dias Loureiro e Miguel Relvas. Regressado a terras lusas, senta-se numa televisão, com sobranceria e enfado, para dizer que “os portugueses viveram acima das suas possibilidades”.
Ainda não recomposta, eis que Arnault acha que a conferência de Carlos Moedas devia ser à porta fechada para evitar a “chicana” e elevar o “nível intelectual” do debate. Arnault deve achar, pois, que o povo merece castigo e é ignorante… uma “choldra”.
Tudo se deve resolver “en petit comité” e nos corredores do poder, entre eles. Imagino o seu sofrimento quando foi secretário-geral do PSD e teve de aturar as distritais e as concelhias. Dias Loureiro e Relvas também foram.
Os ministros são criticados, às vezes maltratados. Pior é a “corte” à volta da manjedoura do poder. Almoços, pareceres, férias, privatizações, casamentos, nomeações. Vivem do Estado e dos grandes grupos económicos, em viagens de ida e volta. Vivem do rendimento – máximo. Nos últimos anos, e com a crise, esta gente fina perdeu a impunidade, até porque dantes eram menos e mais recatados. A justiça vai debicando, de vez em quando nesta “sociedá” (como dizia “Gabriela”). Faz que anda mas não mexe.
Com quem eu gostaria de ter passado o ano? Obama, Spielberg, etc., não fazia a coisa por menos. Mas tenho uma regra de ouro: não gosto de trabalhar na passagem do ano.
Fotografia: António Cotrim/Lusa
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