A troika vai nua

Por Fernando Dacosta

Na passada semana, num debate televisivo sobre economia, finanças, política, etc., ouviu-se a certa altura um dos intervenientes dizer que devíamos demandar judicialmente (no Tribunal Internacional de Justiça) o FMI, a Comissão Europeia e o Banco Central Europeu por haverem conduzido Portugal à ruína, consequência de o terem feito com a subserviência (activa) do governo, cobaia de experiências sociais infamantes.

Esse interveniente - Eduardo Paz Ferreira, prestigiado catedrático, fiscalista, ensaísta, comunicador (andou por jornais na década de 70) - perturbou assim a compostura reinante com a sarcástica ironia que o caracteriza.

Açoriano, tornou-se há muito um dos mais contundentes pensadores/comentadores da realidade portuguesa. Através das suas palavras, algo de novo, de dignificante, foi dito, subvertendo o discurso que velhacamente nos tem narcotizado.

Isso sucedeu precisamente na altura em que se soube que o "inquérito à actuação da troika nos países sob intervenção", decidido pela UE por suspeitas de "abusos ou violações da lei", ficava em águas de bacalhau, substituído por um inócuo relatório de valor dito "simbólico".

Dois dias depois, outro açoriano, Medeiros Ferreira (um dos nossos mais lúcidos ministros dos Negócios Estrangeiros) garantiu no mesmo canal que "toda a troika será julgada", indo ficar "nas ruas da amargura", pois "ninguém nela se irá salvar". Será "um escândalo".

À semelhança dos demais povos "subeuropeus", os portugueses irão também golfar os flibusteiros (internacionais e nacionais) que os assaltaram comandados por duas (travestidas) "tias", Merkel e Lagarde, sem limites nem vergonha.

A troika, como se suspeitava, vai nua.

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