e se esse poder um dia, o quiser roubar alguém ...
Puto ainda, devia andar pelos 18 anos, sentado no chão de um Pavilhão dos Desportos à cunha, chorei baba e ranho. No palco, Ary recitava este poema pela primeira vez em público.
Quem diria que, quase 40 anos depois, querem fechar-nos as portas outra vez? Com Passos de um lobo em pés de lã. Como lombrigas que se amanham com os seus próprios cagalhões.
Que diria ele, se fosse vivo, desta nova desgraça que se abateu sobre Portugal e os portugueses? Que diria ele de um país massacrado por novas formas, mais maquiavélicas ainda, de exploração pelo mando acumulado, pelas ideias nazis, pelo dinheiro estragado, pelo dobrar da cerviz, pelo trabalho amarrado? Que novos poemas faria? Que balas dispararia sob a forma de palavras certeiras, mais demolidores do que um discurso no parlamento, uma arenga pelas televisões, um comício para convertidos?
Ary morreu-nos. E faz-nos tanta falta.
Comentários