o estado deu-nos com os pés


Fala-se muito por aí, e geralmente quem o diz é gente bem instalada na vida tantas vezes à conta do Estado, que é preciso menos Estado Social, que as despesas são muitas e o dinheiro pouco. E eu pergunto: menos ainda? Neste momento, só pouco mais de 300.000 pessoas recebem subsídio de desemprego (subsídio que, lembro os mais distraídos, não é benesse nem esmola, foi paga com os próprios descontos de cada um ao longo dos anos). Se as contas não me falham, e não me falharão, isso faz com que cerca de um milhão (leu bem: um milhão) de desempregados estejam entregues à sua sorte, sem qualquer apoio estatal.

Menos Estado Social? Mas como, se já existem milhares e milhares de pessoas a quem o Estado abandonou, a quem o Estado trata como párias, a quem deixa que as dívidas, a fome, a miséria os atormente e aniquile? E a tudo isto se assiste impavidamente. Sem um grito de protesto. Um gesto de revolta. Mansos costumes. Brandas gentes. Má fortuna.

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