de enxúndias bem tratadas

Há miúdos a desmaiar em salas de aula, com fome. Há cada vez mais gente a recorrer às cantinas sociais. O governo vai dar não sei quantos milhões para empreendedorismo social. Empreendedorismo social, não mais do que caridade assim a puxar para o fino, quem melhor do que os nossos governantes para reinventar a língua portuguesa?

Já não há saraus de beneficência. Agora há empresas de esmolas, subsidiadas pelo Estado. O Estado corta nos apoios sociais directos, no RSI, no Abono de Família, nas Pensões de Sobrevivência, em tudo o que cheire a solidariedade social. Em vez disso, aposta nos santos empreendedores, com a Jonet dos bifes no topo da lista dos felizes eleitos para fazer o bem sem olhar a quem, à gentalha sem iniciativa, aos calaceiros que não querem fazer nenhum, aos desempregados que se habituaram à boa vida, aos doentes com saúde para trabalhar, aos velhos que já deviam ter morrido há muito, são um incómodo e uma despesa para as gerações mais novas.

Há miúdos cheios de fome. Há graúdos de bandulho cheio. A abjecção tomou conta do País. 
















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