e se alugassem antes as mãezinhas?

Madame Bijou, fotografia de Brassai
Foi por obra e graça de Ricardo Araújo Pereira que tropecei na trampa. Não que RAP tenha culpa, antes lhe agradeço ter-me dado conhecimento de mais este passo acelerado para a degradação das condições laborais das novas gerações: existe uma firma que aluga estagiários a empresas interessadas em mão-de-obra barata, mas só se for mesmo muito barata. A coisa funciona assim: a Work 4 U (http://www.work4u.org/) angaria recém-licenciados à procura do primeiro emprego. As empresas que recrutem jovens por esta via pagam à W4U um determinado montante (95 euros mensais por cada cabeça "contratada") e, aos estagiários, ao critério do "empregador", uma "atençãozinha" para "ajudinha" nos transportes e alimentação. Acresce ao lucro da W4U, e passo a citar, "uma taxa paga pela pessoa que quer fazer parte da nossa bolsa de candidatos a estágio."

Como costuma dizer uma muito querida amiga minha, "o negócio faz-se até com cascas de alho". Ou com a exploração desmedida dos infortúnios de cada um, graças às práticas neoliberais e à consequente desvalorização do mercado laboral levada a cabo por Coelho e pelos seus parceiros internacionais do FMI e da Europa que já foi humanista e que, agora, quer sustentar os povos a alpista, que pão e laranja são luxos insuportáveis.

Os lídimos representantes do empreendedorismo pátrio, tão ao gosto de Coelho, que formaram a W4U e  que se deviam antes dedicar ao comércio a retalho de outro tipo de carnes, tentam justificar no seu site a sua excelsa actividade. Queixam-se dos ataques de que têm sido alvo. Não acreditam que colocar jovens desesperados a trabalhar à borla, e obtendo lucros com isso, possa ou deva ser condenado seja por quem for. Eles dedicam-se, com uma virgindade verdadeiramente angelical, à prática do bem sem olhar a quem.

Mas, o melhor, será ler o excelente artigo de RAP, publicado na última Visão. O humor é uma arma. E RAP um atirador certeiro.

Comentários

A rentabilidade é superior à do plantador americano que comprava escravos à chegada do barco negreiro à Nova Orleães. Quando comprava um escravo, devia assegurar-se do estado da "mercadoria" porque era um investimento, e em seguida devia alimentá-lo, dar-lhe um abrigo e não pagava salários.
Mas se o escravo morresse perdia o investimento. No caso deste "negreiro" dos tempos modernos, não tem nenhuma responsabilidade pelo escravo, que pode morrer quando quiser!

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